Gestão Integral

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Gestão Integral

Moacyr Castellani

“Um mapa do mundo exterior ajudaria, como também um mapa do mundo interior. Juntos, forneceriam uma ferramenta que melhoraria dramaticamente meu trânsito através de qualquer ambiente, qualquer mundo, incluindo o mundo dos negócios. Um mapa abrangente que combinasse o conhecimento mais recente dos mundos interior e exterior proveria meios extraordinários para a realização de qualquer objetivo que eu pudesse ter. Ele também forneceria a chave para a conscientização dos mundos interior e exterior. Consciência nos negócios — na verdade, viver de forma consciente — tornar-se-ia uma possibilidade bem real.” Ken Wilber, prefácio de The Spirit of Conscious Business, Fred Kofman (gentilmente traduzido por Ari Raynsford)

O poder hoje está nas mãos das empresas. A riqueza, que no passado era controlada pela Igreja, por soberanos e monarcas, se rendeu à Era Industrial. Existem, é claro, pontos negativos e positivos nesta história. Dentre os pontos negativos, se em breve acontecer mesmo um colapso climático em nosso planeta, será conseqüência da emissão de gases provocada por esta expansão industrial ou, como diz Peter Senge, provocada pela Era das Máquinas. Dentre os pontos positivos estão as evoluções tecnológicas que, por exemplo, nos deram uma expectativa de vida mais longa, com mais saúde e possibilidades de locomoção, interação e comunicação mais rápidas e eficientes.

Mesmo que você seja um pessimista e dê ênfase aos aspectos negativos, vale lembrar que, se houver uma chance de se evitar a tão temida catástrofe climática futura, tenha certeza de que as soluções surgirão no mundo corporativo. Afinal, o poder hoje está nas mãos das empresas.

Muitos culpam o progresso econômico como vilão dos problemas atuais. Outros dizem que o avanço industrial é saudável e que previsões apocalípticas são ingênuas e infundadas. Quem está com a razão? Devemos frear a qualquer custo o avanço econômico ou estimular o crescimento industrial desenfreado?

Na verdade, ambas as alternativas são indesejadas. Não há como impedir de forma radical o avanço econômico global e também não será saudável assistirmos a um avanço desenfreado e desorganizado de um modelo consumista exacerbado que promove o progresso às custas do clima e da sustentabilidade do planeta.

Na verdade, o problema não está no processo. Está nas pessoas. Está nos valores que permeiam a forma de enxergar a realidade de quem conduz o processo. Podemos sim promover o progresso no mundo industrial, no comércio e nos negócios – desde que seja consciente. Para isto, é necessário praticar a “Gestão Integral”.

“Gestão Integral” é trabalhar produto, processo e mercado alinhados a valores, consciência e realização pessoal. “Gestão Integral” tem como objetivo promover um senso de sustentabilidade aos negócios: 1- respeitando as demandas de mercado estimuladas pela inovação tecnológica, produtividade e crescimento do mercado; 2- respeitando valores, ética, qualidade de vida e senso de realização.

Ferramentas sobre produção e administração de processos existem às dezenas. O mundo corporativo possui uma grande variedade de modelos para tornar os processos mais produtivos, eficientes e eficazes. Neste sentido, demos um grande salto. Mas hoje é necessário atuar mais profundamente, é necessário atuar no desenvolvimento da consciência e dos valores das pessoas, empresas e instituições. É necessário atuar no desenvolvimento de uma visão integral. Mas, onde começar?

Esta foi a pergunta que fiz a Ken Wilber, quando tive a oportunidade de visitá-lo em sua casa na primavera de 2005. Sua resposta foi clara e objetiva: “Devemos começar com os líderes. Líderes conscientes promovem processos, equipes e resultados equilibrados e sustentáveis.”

A essência da “Gestão Integral” é promover esta integração entre processos, pessoas, cultura e valores. Nas palavras de Ken: “Não é novidade que as teorias de gestão se dividem em três grandes categorias que compreendem os cenários das “Três Grandes”: abordagens que focalizam os sistemas objetivos exteriores, padrões de fluxo e controle de qualidade; as que salientam a motivação individual; e as que enfatizam os valores e a cultura organizacionais. O ponto central é que a liderança integral no mundo dos negócios usaria ferramentas de cada uma delas de forma coordenada e integrada, visando a maximizar resultados ou estabelecer a melhor situação possível.” Ken Wilber, prefácio de The Spirit of Conscious Business, Fred Kofman (gentilmente traduzido por Ari Raynsford)

“Gestão Integral” possui como “ferramenta” a filosofia AQAL, que significa Todos os Quadrantes, Todos os Níveis, Todas as Linhas. Confira o quadro abaixo (tradução em português gentilmente cedida por João Gonçalves – joaovox@yahoo.com):

Uma abordagem mais ampla do mundo dos negócios necessita de ferramentas que possibilitem avaliar, além dos aspectos práticos e objetivos, os aspectos comportamentais e subjetivos.

O primeiro passo é avaliar e atuar em conjunto em Todos os Quadrantes :

•  Comportamento individual e a saúde física (quadrante objetivo-individual);

•  Habilidades individuais e propósito de vida (quadrante subjetivo-individual);

•  Valores e cultura corporativa (quadrante subjetivo-coletivo);

•  Estrutura, processos produtivos e mercado (quadrante objetivo-coletivo).

O segundo passo é avaliar, dentro de cada quadrante, Todos os Níveis , ou seja, os perfis de valores (níveis de consciência) que permeiam o processo de amadurecimento tanto de indivíduos quanto de equipes, empresas e estruturas. Identificar o perfil de valor de um indivíduo ou equipe significa compreender como uma pessoa ou grupo percebe, reage e atua sobre a realidade ao seu redor. Compreender se um indivíduo ou grupo tende a ser mais individualista e competitivo, submisso e obediente, empreendedor e movido por resultados ou consensual e preocupado com pessoas faz a diferença rumo a uma organização equilibrada, onde cada um poderá ser o melhor que pode ser e onde os resultados serão conseqüência deste alinhamento de valores.

Empresas que não levam em consideração esta análise estão fadadas a uma série de problemas e conflitos, pois não conseguem alinhar a política estratégica da empresa com o interesse e perfil genuíno de cada membro / equipe.

O terceiro passo é mapear Todos os Quadrantes e Todos os Níveis levando-se em consideração também Todas a Linhas de desenvolvimento, também chamadas de inteligências múltiplas (cognitiva, interpessoal, moral, emocional, estética etc.). Vale lembrar que podemos encontrar um gerente com alto grau de cognição, mas com baixo grau de senso moral e de relacionamento, ou seja, um profissional competente mas… desonesto e conflituoso.

Empresas que selecionam pessoal com foco apenas na competência profissional freqüentemente se frustram ao se depararem com atitudes desonestas ou conflituosas criadas por qualquer de seus membros.

Em paralelo, empresas que se preocupam apenas com o grau de maturidade emocional e satisfação interpessoal dos seus membros podem se frustrar ao se depararem com resultados medíocres oriundos da incompetência e desajuste técnico.

“Gestão Integral” significa então compreender e atuar em todas as áreas, níveis e tendências no que se refere a pessoas e organizações. Trabalhar em conjunto Coaching Online ou Presencial e Planejamento Estratégico pode ser uma ferramenta bastante poderosa. Lembre-se: alinhar resultados com valores e consciência hoje em dia não é mais luxo – é necessidade.